Os Nossos Pseudo Polícias
O
que se passa com a nossa polícia? Desde que prontifiquei-me a acompanhar a
“vida” dos nossos cinzentinhos, já os vi exercerem um pouco de outros ofícios. Umas
vezes passam por assaltantes, outras por mendigos, outras por polícias de
trânsito, outras ainda por chulos. Mas desta vez superaram o meu imaginário ao
concorrerem para posição de assassinos a sangue frio.
Não
tenho prazer nenhum em descrever desta forma a nossa polícia, pois fico
extremamente triste por saber que no meio de alguns polícias honestos,
íntegros, com boas intenções existem também alguns malandros e por causa destes
não tive muitas alternativas na seleção das palavras.
Ser polícia é uma profissão que para além de merecer
respeito da sociedade tem que ser exercida por pessoas por tenham amor a ela.
Este advém de vários motivos, ou porque os pais já o foram, ou porque
emocionaram-se com um filme em que um polícia salvou a vida de alguém, ou porque
desde pequeno sonhou ajudar o próximo, enfim são vários os motivos que levam
determinada pessoa a incorporar para as fileiras policiais.
Mas
para o nosso caso em concreto ser polícia é acima de tudo querer um emprego,
porque não conseguiu estudar, não singrou na vida, recorre-se a esta profissão.
Até aqui tudo bem, temos que fazer algo na vida e se for de uma maneira honesta
melhor.
O
que não entendo, são os critérios para determinada pessoa ingressar nesta
corporação. Será que se tem acesso ao perfil de cada um? Será que se tem
deslocado a zona de origem de cada concorrente para saber junto aos vizinhos,
comunidade qual o comportamento daquele candidato? Será que são feitos testes
psicotécnicos?
Se
me tivessem feito estas perguntas não saberia responder, mas o facto é que
muitos policiais apresentam condutas duvidosas. Ao invés de ajudarem o cidadão
como seria o normal, dificultam ainda mais a vida destes e chegam mesmo a
causar terror.
O ideal seria o
cidadão moçambicano olhar para a polícia como alguém a quem recorrer diante de
alguns problemas, independente de gratifica-los forçosamente.
Para
o caso de Moçambique, muitos dos policiais já entraram para corporação trazendo
laivos de uma infância aterrorizada, onde o RAMBO era seu maior ídolo. Como
nunca tiveram oportunidade de deixar sair este personagem de dentro de si
aproveitam-se desta profissão para concretizar o tão desejado sonho de
infância.
Olhando
para nossa realidade, este sonho não se demonstra difícil uma vez que temos
todos os ingredientes necessários, a começar pelo material bélico atribuído aos
nossos homens da lei e ordem. Quem vem a
Moçambique pela primeira vez e vê a nossa polícia pode pensar que estamos em
estado de guerra.
É
preciso que se repense profundamente na nossa polícia, se há necessidade de
deixar sob sua responsabilidade um material tão sensível e perigoso quanto as
armas, atendendo o desequilíbrio mental e emocional que certos agentes
apresentam. Este exercício deve ser urgente sob o risco de o cidadão perder
para sempre a confiança em relação a polícia.